Você sabia que sintomas como fadiga, desânimo, irritação e dificuldade para se concentrar podem sinalizar algo bem mais sério do que simples cansaço ou um breve momento de estresse? Provocada por um extremo desgaste profissional, a chamada Síndrome de Burnout afeta hoje mais de 30% dos brasileiros. Entenda melhor esse transtorno e aprenda como lidar com ele.
O que é
Utilizado no campo clínico desde a década de 1970, o termo burnout é a junção das palavras “queimar” e “fora” (em tradução livre), fazendo analogia à ideia de “ser consumido pelo fogo”.
Trata-se de um distúrbio psíquico caracterizado por um estado de estresse, ansiedade e cansaço tão devastador que a pessoa se sente sem forças para lidar de forma eficiente com a própria vida, desde as questões mais rotineiras até as mais complexas. Gera, em resumo, uma profunda exaustão, tanto física quanto mental.
O burnout também é conhecido como Síndrome do Esgotamento Profissional, porque, embora afete todas as esferas da vida de uma pessoa, tem origem diretamente relacionada ao âmbito de trabalho.
Essa condição tem se popularizado e aumentado cada vez mais ao longo dos últimos anos: de acordo com pesquisas realizadas pela International Stress Management Association (ISMA), só no Brasil são mais de 30 milhões de pessoas com o transtorno.
Principais causas
Longas ou até mesmo duplas jornadas de trabalho, ambientes de cobrança constante e alta pressão, conflitos com colegas e excesso de atividades ou responsabilidades laborais estão entre as causas mais relacionadas à síndrome de esgotamento profissional.
Além delas, porém, há ainda questões como pouco tempo de descanso, trânsito estressante diário, problemas pessoais, má alimentação, insatisfações das mais diversas e uma infinidade de outros fatores que vão se somando até provocar um nível de desgaste e exaustão sem precedentes.
Profissões mais afetadas
Embora todos estejamos expostos a várias dessas causas todos os dias, alguns profissionais costumam enfrentá-las em maior intensidade. Entre eles, destacam-se:
- Médicos, enfermeiros e outros profissionais da área de saúde;
- Policiais e carcereiros;
- Bombeiros;
- Jornalistas;
- Professores;
- Atendentes de telemarketing.
A pandemia de covid-19 é outro fator que tem impactado significativamente no aumento dos casos de burnout, especialmente entre os profissionais que lidam com a doença de maneira direta, como aponta um estudo recente da PEBMED.
De acordo com a pesquisa, há uma prevalência da síndrome de esgotamento de mais de 80% entre os médicos que atuam na linha de frente do combate ao coronavírus.
Fora da área de saúde, podemos mencionar ainda pessoas que precisaram se adaptar ao home office - especialmente as que têm filhos. Ao mesclar fisicamente os ambientes pessoal e profissional, surgem novos desafios, incluindo o de separar e setorizar o tempo e as atividades.
Como identificar
A sensação de esgotamento físico e emocional é o principal indicativo da síndrome de burnout, mas vai muito além disso, englobando e refletindo uma série de sintomas comumente associados a outras condições, como o próprio estresse e a depressão. Alguns dos sinais mais usuais incluem:
- Fadiga persistente e falta de energia;
- Insônia;
- Perda de apetite;
- Dificuldade de concentração;
- Falta de produtividade;
- Irritabilidade e/ou mudanças bruscas de humor;
- Sentimentos de ineficiência, insegurança e baixa autoestima;
- Apatia, insensibilidade e afastamento ou isolamento social.
Os psicólogos Herbert Freudenberger e Gail North sintetizam muitos desses pontos de atenção (e levantam alguns outros) em uma lista com 12 estágios do distúrbio. Nos casos mais graves, as pessoas podem chegar a ter até mesmo pensamentos suicidas. Além disso, o burnout também pode acarretar no desenvolvimento de outros problemas de saúde, como úlcera, diabetes e pressão alta.
Na prática, portanto, o diagnóstico nem sempre é tão simples. É essencial se atentar aos detalhes e mudanças físicas, comportamentais e emocionais, além, é claro, de procurar ajuda profissional. Todo o contexto pessoal, social e familiar, assim como o nível de realização com o próprio trabalho costumam fazer parte dessa avaliação clínica.
Como tratar
O tratamento da síndrome de burnout precisa de um acompanhamento e orientação psicológica ou psiquiátrica. De maneira geral, envolve terapias e, em muitos casos, medicação específica, além, é claro, de atenção à própria rotina, com pontos que vão desde a alimentação e prática de exercícios até a reorganização das atividades de trabalho. Tudo isso - assim como a duração dos procedimentos a serem adotados - vai depender do nível de gravidade do transtorno. Daí a importância de um diagnóstico profissional e preciso!
Como se relacionar com quem tem burnout
Embora se fale cada vez mais da síndrome de esgotamento profissional em si, muitas vezes se deixa de lado um detalhe importante: o que fazer quando o paciente não é você e sim um familiar, amigo ou colega de trabalho?
Infelizmente, não há fórmulas prontas, mas separamos algumas dicas que podem ser úteis:
- Evitar perguntar sobre questões relacionadas ao trabalho sempre que possível;
- Buscar manter conversas leves e descontraídas;
- Propor atividades relaxantes (como ver um filme, fazer um passeio, tomar um café);
- Indicar conteúdos interessantes, que ajudem a distrair ou conhecer novos temas (pode ser em formato de podcast, série, livro, buscando sempre pensar no perfil e preferências da pessoa);
- Fazer elogios sinceros e pontuais. Seja uma peça de roupa, seja uma atitude específica ou um traço de personalidade, reafirmar a autoestima de alguém em um momento de insegurança e debilidade pode fazer toda a diferença.
Vale ressaltar que muitas ações e comportamentos, ainda que inadvertidas, acabam servindo de gatilho para quem sofre com algum transtorno, podendo contribuir para uma piora do quadro. Por isso, um pouco de cuidado e sensibilidade, além de uma boa dose de bom senso, nunca são demais!
Como evitar o esgotamento
Não podemos falar de burnout, sem citar a necessidade de criar um bom ambiente de trabalho. Para isso, estimular uma cultura de absoluto respeito entre todos e estabelecer uma comunicação aberta e transparente são pontos de partida essenciais em qualquer empresa que se preocupe com a saúde e bem-estar de seus funcionários.
Além disso, políticas e ações claras de reconhecimento, incentivo à criatividade, autonomia e, principalmente, uma gestão humanizada, com lideranças preparadas para escutar suas equipes e tomar as iniciativas necessárias, podem se tornar fatores decisivos. A segurança de ter a quem recorrer em caso de desgastes ou sobrecarga de atividades, por exemplo, pode ajudar uma pessoa a não chegar ao ponto de exaustão completa.
Já em âmbito pessoal, o ponto mais importante - e um dos mais fáceis de se negligenciar - é o autocuidado. Prestar atenção ao próprio corpo e às mudanças emocionais é primordial para identificar qualquer problema de maneira precoce.
Prezar por uma alimentação balanceada, praticar exercícios físicos regularmente, reservar um tempo para atividades relaxantes e buscar não levar os problemas profissionais para casa (ainda que muitas vezes isso seja extremamente difícil) também são dicas altamente recomendáveis para evitar não só a síndrome de burnout, como também outros transtornos e problemas de saúde. Continue acompanhando o blog da Contabilista para mais dicas relacionadas a produtividade, bem-estar, organização, tecnologia e tudo relacionado à escritório!