Sem palpites aleatórios ou contas de cabeça, o cálculo do preço de venda de produtos e serviços deve ser feito com calma e atenção. É uma ação que necessita de bastante responsabilidade, pois cálculos errados poderão levar o empreendedor a uma quebra do fluxo de caixa, que é todo o dinheiro que entra e sai do caixa da empresa. Por outro lado, um valor muito acima do prestado pelo mercado fará com que o serviço não seja procurado devido a alternativas mais acessíveis.
É necessário considerar alguns valores como a margem de lucro, o custo de produção, a mão de obra, locomoção e outros fatores que irão influenciar no valor total do produto ou serviço. Registrando todas essas informações, você chegará em um valor ideal para seu negócio e seus clientes.
O que é o preço de venda?
Preço de venda nada mais é do que o valor que você irá cobrar dos seus clientes por determinado produto ou serviço.
Tenha em mente que esse valor da venda precisa te dar retorno, ou seja, cobrir todas as despesas que você teve para produzir o produto ou realizar o serviço, além de gerar lucro para manter seu negócio viável. Esse cálculo inclui tudo que você gastou para produzir sua mercadoria, como matéria-prima, embalagens, mão de obra, entre outros.
Nessa soma, também deve ser inclusa as taxas de impostos da empresa como ICMS, ISS, Simples Nacional, entre outros. Além do local de trabalho e seus custos, como o aluguel, a água e a luz. As despesas com a venda e comercialização, que envolve o transporte do item para a loja e salário do funcionário que vende o produto também deve fazer parte do valor de custo.
Para saber quanto cada item dessa lista custa em cima do valor de um produto, é preciso ver o gasto no mês e dividir pela quantidade produzida. Parece confuso, mas para te ajudar, preparamos um exemplo:
Joana produz 300 bolos por mês. Em cada bolo, Joana utiliza 4 ovos, e a bandeja com 30 ovos custa 10 reais. Iremos dividir os 4 ovos sobre o total da bandeja para calcular quanto em reais representam 4 ovos. Dessa forma:
30 ovos - 10 reais.
1 ovo - x reais.
30x = 10.1 → x = 10/30 → x = R$ 0,33 por ovo
Feito o cálculo, chegaremos ao resultado de R$ 0,33 por ovo. Lembrando que Joana usa 4 ovos na receita, podemos considerar que o custo total com ovos para apenas um bolo será de R$ 1,32.
Essa conta deverá ser feita com todos os ingredientes, assim você saberá quanto exatamente custará para fazer um bolo completo.
Agora quando se trata de um gasto que não tem uma quantidade específica de unidades, como no caso do ovo que diz exatamente 4 ovos por receita, a conta é diferente. Veja por exemplo o cálculo do gás de cozinha, usado para assar o bolo:
Joana produz 300 bolos por mês, e durante esse período gasta 1 botijão de gás para preparar e assar os bolos. Joana está pagando 90 reais pelo botijão de gás. Para saber quanto gás é gasto para fazer um bolo, podemos calcular:
300 bolos - 90 reais.
1 bolo - x reais.
Seguindo a regra de passar o valor da esquerda, que está multiplicando, para a direita fazendo com que se torne uma divisão, ficará assim:
300x = 90.1 → x = 90/300 → x = R$ 0,30 de gás gasto por bolo.
Lembrando que essa conta deve ser feita com gás, água, luz, impostos, locação e tudo que envolve o produto. Por fim, já com tudo somado, basta acrescentar a porcentagem de lucro que você deseja ter sobre a sua mercadoria produzida. Caso contrário, sem o saldo “extra” sobre os custos da confecção do seu produto, sua empresa não terá lucro.
Não esqueça de avaliar a tabela de valores praticada por seus concorrentes. Dessa forma, você entenderá se o valor do seu produto ou serviço é competitivo ou se o preço está muito discrepante do que é praticado pelo mercado.
Exemplificando o preço de venda de um produto
No começo, calcular todos esses gastos parece complexo e desafiador, porém com o tempo e a prática tudo fica mais fácil. Veja abaixo o exemplo o João, um artesão de sabão de cozinha.
Sabemos que para fabricar a peça, João terá gastos com gás, água, óleo de cozinha e soda cáustica. Para fabricar 10 unidades, são necessários 5 litros de água, 5 litros de óleo de cozinha usado e 1 quilo de soda cáustica. João faz essa receita 2 vezes ao dia.
Por mês, João gasta cerca de 60 reais com água e 20 de gás somente para fazer a receita, além de comprar por 10 reais um quilo de soda cáustica. Já o óleo usado sai por 1 real os 5 litros, pois João fez uma parceria com comércios da região. Considerando um mês com 30 dias para estabelecer os gastos, vamos ao cálculo inicialmente da água:
60 reais água - 30 dias
x reais água - 1 dia
Como ao utilizar a água por menos dias fará com que a conta fique menor, teremos valores proporcionais, sendo necessária a multiplicação da regra de 3 em forma cruzada, ficando:.
30x = 60.1 → x = 60/30 → x = R$ 2,00 de água por dia.
Sabendo que é gasto 2 reais por dia de água e que no dia João faz duas receitas de sabão, dividindo esse valor por 2 chegaremos ao resultado que em cada receita é gasto 1 real de água, ou seja, 10 centavos por unidade, equivalente ao óleo usado, que custa 1 real por receita.
Agora calculando a soda cáustica. João adquire a soda por unidade, custando 10 reais o quilo. Cada quilo rende uma receita, que rende 10 unidades de sabão. Então vamos as contas:
Primeiramente vamos dividir a soda cáustica por unidade de sabão: 1 quilo equivale a 1000 gramas. Dividindo 1000 gramas por 10 unidades de sabão, teremos 100 gramas de soda cáustica para cada sabão. Já para saber o custo das 100 gramas, basta fazer o mesmo cálculo, porém dividindo o custo de 1 quilo por 10.
1 quilo = 10 reais → 10% de 10 reais = R$ 1,00 por 100 gramas.
Por fim, temos o gás. João compra um botijão de gás por 80 reais, que dura 4 meses. Assim como já citado anteriormente, são 20 reais de gás por mês. Considerando 30 dias por mês para estabelecer o preço, teremos:
20 reais / 30 dias. 20/30 = R$ 0,66 por dia. Lembrando que por dia . São feitas 2 receitas, o que equivale a R$ 0,33 por receita.
Organizando a lista de gastos por unidade, teremos:
Água: R$ 0,10
Gás: R$ 0,33
Óleo: R$ 0,10
Soda cáustica: R$ 1,00
Total: R$ 1,53
Como João vende em casa para os vizinhos, não tem gasto com embalagens e transporte. Tendo em mãos o valor sem lucro, João resolveu olhar seus concorrentes para ver quanto está custando a unidade do sabão caseiro. Em uma pesquisa pela região, João viu que o preço comum é de R$ 2,00.
Já que João ainda está começando no mercado de venda de sabão, ele optou por reduzir um pouco o preço comparado aos concorrentes para buscar atrair clientes, deixando o custo da unidade em R$ 1,85.
Determinando o valor em R$ 1,85, João estará tendo R$ 0,32 de margem de lucro por unidade, totalizando R$ 3,20 por receita. Essa porcentagem de lucro permitirá que ele cubra todos os gastos necessários, além de poder crescer com seu negócio.
Calculando a venda de serviços
Diferente da venda de um produto, o prestador de serviço vende o seu tempo. O cálculo de quanto vale o tempo é determinante para que haja o controle de finanças pessoais e evite ficar negativado.
Se você cobrar pouco pelo seu tempo para fazer um serviço, o gasto irá superar os lucros e você acabará pagando para trabalhar. Já existem calculadoras online de fácil acesso e bem intuitivas que te ajudam a calcular quanto você pode cobrar pela hora de serviço, facilitando a conta.
Ao elaborar um orçamento, não esqueça de incluir os custos extras ou gastos com o deslocamento, por exemplo. Imagine a seguinte situação: Um cliente ligou para o encanador Jorge relatando que o cano da pia estourou e que precisa resolver urgentemente. O local fica há 5 km da empresa. O carro da empresa faz 10 km por litro de gasolina, e supúnhamos que o combustível esteja R$ 5,00 o litro. Esse valor de deslocamento tem que ser incluído obrigatoriamente na conta.
Além disso, chegando no local, Jorge identifica que o problema é mais complexo do que o imaginado, e será necessário substituir o cano por completo. Isso fará com que o tempo de trabalho aumente, e portanto o valor do orçamento sofrerá um acréscimo.
Suponhamos que Jorge cobra R$ 10,00 por hora de serviço, e o cano saiu por R$ 5,00. Como foi necessário quebrar uma parte da parede e comprar cimento para fazer o acabamento, isso adicionou R$ 15,00 no serviço, que acabou durando 3 horas.
Somando todos os encargos que Jorge teve para a realização do serviço, teremos R$ 30,00 de hora trabalhada, R$ 20,00 de materiais e os R$ 5,00 da locomoção, fechando em R$ 55,00 a troca do cano.
Esses valores servem como base, podendo ser incluso o custo de manutenção das ferramentas ou de um local físico, caso você tenha que realizar o serviço fora da área do cliente, assim incluindo gastos como água, luz e locação do lugar, por exemplo.
É importante avaliar a realidade do seu serviço e somar todos os gastos para que não tenha despesas extras que estão fora desse valor proposto ao cliente. No caso de Jorge, se ele não inclui o valor da locomoção até o local ou das peças, colocando em risco o fluxo de caixa.
Como formalizar sua empresa
Atualmente há alguns métodos de se formalizar, sendo necessário avaliar qual deles se enquadra em seu negócio. Antes de começar, é necessário se planejar, decidir qual será seu produto ou serviço, o local de funcionamento, custos, determinar o público-alvo, determinar estratégias de divulgação e venda, entre outros detalhes como conhecimento de impostos.
Com a formalização, seu negócio abrirá portas que vão além da sua vizinhança. Com a documentação em dia você tem acesso a serviços financeiros mais acessíveis, além de ajuda para o crescimento do seu negócio. Com a legalização você também pode vender o produto ou serviço para empresas, inclusive o poder público, aumentando a quantidade de possíveis clientes.
Opções de formalização
Com a democratização do setor empresarial, algumas possibilidades foram disponibilizadas para que pequenos negócios se tornassem formais, como o Microempreendedor Individual (MEI) ou a modalidade de Microempresa, por exemplo.
No entanto, antes de iniciar a abertura do processo de adesão, verifique com a prefeitura de seu município se o local escolhido para a abertura do negócio, caso haja sede física, é permitido pela legislação.
Também, caso necessário, busque informações acerca do licenciamento ambiental, sanitário e a liberação de funcionamento por meio do Corpo de Bombeiros. Dependendo da atividade exercida, como em restaurantes e locais de aglomeração de pessoas, por exemplo, tais laudos serão solicitados.
Entenda a seguir como funciona cada uma das categorias e veja qual se enquadra melhor no seu novo negócio.
Microempreendedor Individual (MEI)
O Microempreendedor Individual (MEI) é a modalidade mais acessível para pequenos negócios, porém há alguns pré-requisitos que devem ser atendidos.
Para se formalizar como MEI, o empreendedor não pode ultrapassar o faturamento bruto anual de R$ 81 mil, não participar como titular ou sócio de outra empresa e só poderá contratar no máximo um empregado. Caso você exceda os R$ 81 mil de faturamento anual, você será enquadrado como Microempresa Individual (ME).
Além disso, o MEI tem uma cláusula específica permitindo que apenas algumas modalidades de negócio sejam aptas a aderir ao programa, sendo elas as atividades inclusas na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE).
Todos os processos de adesão e formalização do MEI são feitos via internet por meio do Portal do Empreendedor. Lá você encontrará todos os passos necessários para adequar seu negócio à formalidade.
Feita a formalização, é preciso ficar atento às responsabilidades do programa. Mensalmente você receberá o Documento de Arrecadação Simplificada do MEI (DAS), enquanto a Declaração Anual de Faturamento (DASN) deverá ser enviada uma vez ao ano.
Formalizado, o microempreendedor individual tem direito a emissão de notas fiscais e acesso a alguns benefícios como aposentadoria por idade ou invalidez, auxílio-doença e salário-maternidade, por exemplo.
Microempresa Individual (ME)
A Microempresa Individual é uma modalidade acima do MEI, disponível para empreendimentos que não ultrapassem o faturamento anual de R$ 360 mil. Assim como no MEI, somente uma pessoa arcará com todas as responsabilidades da empresa, como débitos e investimentos.
Na modalidade de microempresa, é permitido que o empreendedor contrate até 9 colaboradores quando se enquadrar como comércio ou serviço. Já se a empresa for do setor industrial ou de construção, o número de funcionários permitidos passam para até 19 contratações.
A formalização, diferente do MEI que é tudo via internet, é realizada por meio da Junta Comercial do município. O empreendedor que se enquadrar no ME poderá aderir aos regimes tributários do Simples Nacional, Lucro Real ou Lucro Presumido, mas isso é assunto para um outro post.
Empresa de Pequeno Porte (EPP)
Conhecida como pequena empresa, a Empresa de Pequeno Porte (EPP) deve faturar anualmente entre R$ 360 mil a R$ 3,6 milhões, caso não alcance a quantia será rebaixada para Microempresa Individual (ME). Os padrões tributários são semelhantes ao da ME, se enquadrando no Simples Nacional, Lucro Real ou Lucro Presumido.
Outra coincidência com a ME é onde realizar o processo de abertura, que também deve ser realizado na Junta Comercial do seu município. Já como diferencial, a EPP permite a contratação de um número maior de funcionários. Quando o empreendimento for de comércio ou serviços, será permitida a contratação de 10 a 49 pessoas, enquanto na categoria de indústria e construção o número de colaboradores deverá ser de 20 a 99 pessoas.
Dando o primeiro passo
Agora que você já conhece como calcular o preço do seu produto ou serviço e já sabe das categorias iniciais para formalização do seu negócio, basta escolher o modelo ideal para o seu empreendimento e dar início ao seu projeto. Para montar a parte de escritório, a Contabilista conta com inúmeros produtos que vão deixar sua empresa completa. Confira agora mesmo em nossa loja virtual ou em uma de nossas lojas físicas perto de você!
