As mudanças trazidas pela nova Reforma Trabalhista, em vigor desde novembro do ano passado, devem dar uma nova cara à maneira como muitas empresas trabalham. A partir de agora, a modalidade de home office está permitida como forma de trabalho com vínculo empregatício e, por conta disso, muitas empresas têm se perguntado se vale a pena implatantar o home office..
A resposta, obviamente, não é exata. Há vantagens e desvantagens nesse modelo de trabalho e cada empresário deve analisar os prós e os contras e pesar se faz sentido ou não migrar ou adotar esse tipo de prestação de serviço. Alguns itens básicos devem ser levados em consideração antes que você tome essa decisão e é justamente isso que vamos debater nesse artigo.
O uso de home office traz muitas vantagens
É inegável que ter a possibilidade de trabalhar de casa pode representar algumas vantagens para o trabalhador. O primeiro aspecto, salientado por praticamente todos que iniciam nessa modalidade, é o ganho de tempo com deslocamento. Ao invés de perder uma hora (ou mais) no trânsito para ir para o trabalho e uma hora para voltar, esse tempo agora se transforma em descanso de fato.
Dependendo da função exercida, a infraestrutura necessária para se trabalhar de casa também não é muito onerosa. Em linhas gerais, um bom computador e acesso à internet banda larga são mais do que suficientes. Alguns ainda requerem uma linha telefônica como complemento, algo que um telefone celular é capaz de suprir sem maiores complicações.
Por fim, para quem adota essa modalidade, certos gastos deixam de existir – o que pode representar um aumento na qualidade de vida sem, necessariamente, haver um aumento no salário. Despesas com combustível, estacionamento e transporte deixam de existir. Sob o ponto de vista da empresa, há redução nos gastos com água e luz e, muitas vezes, até mesmo o valor do aluguel pode ser reduzido com a locação de um escritório menor.
Mas também há pontos negativos
Não são todas as pessoas que estão preparadas para trabalhar em casa. Muitas vezes, a falta de um ambiente adequado resulta em muitas interrupções e distrações que no escritório não existem. É preciso que haja comprometimento por parte do funcionário para cumprir horários e estar disponível mesmo quando não tenha um supervisor de olho.
Embora o equipamento necessário para o trabalho seja simples, pequenos problemas como quedas na conexão ou travamentos do computador, por exemplo, podem comprometer um dia inteiro de trabalho, uma vez que não há suporte de TI especializado ou máquina sobressalente para suprir de imediato as necessidades.
Já para aquelas funções que exigem atendimento direto ao cliente, a adoção do home office pode não ser uma boa alternativa. Atender clientes em casa, onde não há um espaço adequado para isso, pode depor contra a imagem da empresa, fazendo com que ela pareça ser uma companhia informal quando, na verdade, há toda uma infraestrutura trabalhando por trás.
Você pode ter que disponibilizar o equipamento necessário
Nenhum funcionário é obrigado a ter em sua casa um computador e uma conexão com a internet. Embora a maioria das pessoas disponham desses recursos, isso significa que, caso você opte pela modalidade de home office, é preciso que haja não apenas a concordância por parte dos colaboradores como também exista a garantia de que eles terão os equipamentos necessários para desempenhar a suas funções.
Assim, ceder um computador ou um celular, por exemplo, são itens que precisarão ser considerados no pacote. A justiça trabalhista entende que despesas que são geradas em decorrência da realização do trabalho são de responsabilidade da empresa. Por exemplo, água e luz são despesas de uso comum, mas um computador ou um celular podem sim ser de sua responsabilidade.
Controle da jornada é essencial
Não é porque o colaborador está trabalhando a partir de casa que ele pode trabalhar no horário que quiser. Cabe ao empregador implantar ferramentas de controle da jornada de trabalho ou, caso contrário, o trabalhador poderá futuramente requerer por via judicial horas extras trabalhadas em casa.
Por se tratar ainda de um risco, muitas empresas optam por liberar o home office somente em cargos de confiança. Em resumo, há margem para que alguns poucos funcionários mal-intencionados possam tornar a vida do empregador um verdadeiro martírio caso os cuidados básicos não sejam tomados.
Vale a pena adotar o home office? Analise caso a caso
Antes de tomar essa decisão, o melhor a ser fazer é analisar caso a caso na empresa. Em alguns cargos essa possibilidade é mais clara e válida. Em outros, pode ser difícil controlar exatamente o que está sendo feito e o impacto pode ser negativo na produtividade. Essa é uma decisão que deve ser tomada em conjunto com os funcionários e deve haver um prazo de acompanhamento, com métricas claras, para se definir se as mudanças estão funcionando ou não.
Caso tudo dê certo, é bem possível que no final das contas você consiga perceber alguma economia – e os seus empregados também.
